Entender a importância das associações indígenas de base e ter integrantes aptos a dar continuidade ao trabalho delas é um dos principais objetivos da Oficina de Elaboração e Gestão de Projetos Socioambientais, realizada pela Associação Yarikayu, com 34 jovens do povo Yudja, no Mato Grosso. Estruturado em três módulos, o primeiro deles foi realizado no final de outubro na aldeia Tuba Tuba, Território Indígena do Xingu, e os próximos já estão agendados para a segunda semana de dezembro e o primeiro semestre de 2026, respectivamente.
Madukade Juruna, de 23 anos, foi um dos participantes da Oficina. “O curso tem sido muito importante para que nós, jovens, possamos aprender a elaborar e gerir projetos. Assim temos como contribuir com as pessoas que hoje estão à frente das nossas organizações”, diz ele. “Entendendo melhor a importância das nossas organizações, poderemos ter a representatividade do nosso povo em qualquer espaço”, afirma.
A oficina faz parte do projeto “Estratégias integradas de proteção e gestão territorial do Território Indígena do Xingu” desenvolvido pela Associação Terra Indígena Xingu (ATIX), que aglutina oito associações de base, entre as quais a Yarikayu. O projeto tem, entre seus objetivos, o fortalecimento das associações com estrutura institucional e capacitação de pessoas. “O COPAÍBAS tem nos ajudado bastante nisso. E a gente percebe esse efeito ao ver que cada vez mais as associações de base estão conseguindo ser contempladas em editais”, diz Douglas Floresta, coordenador de projetos da ATIX.
A oficina foi realizada em português e yudjá, língua nativa do povo de mesmo nome. Jacqueline Sicupira, da consultoria Remar, responsável pela elaboração e realização do curso, explica como funciona a dinâmica. “No primeiro módulo, eles puderam entender as questões relacionadas à documentação necessária para manter a associação em funcionamento e escrever as informações iniciais de um projeto como contexto e justificativa”, conta. O segundo módulo abordará temas como orçamento, cronograma físico-financeiro, atividades e metodologia e o módulo final terá como foco execução e prestação de contas. “A oficina dará a eles recursos para que mantenham a Associação forte e com vida longa”, acredita.
Essa é também a percepção de Txapina Juruna, uma das lideranças da Associação e que atuou como tradutor em muitas das aulas. “Percebemos que os jovens precisam dessas capacitações para entender a importância de uma organização legal para o nosso povo”, diz ele. “A nossa esperança é transformar as novas gerações com uma profunda conexão com as tecnologias existentes nas comunidades e essa capacitação dos jovens permite que eles possam, futuramente, assumir cargos e dar continuidade ao nosso trabalho”, afirma.
Crédito da imagem: Divulgação Remar
