Etnoturismo do povo Suruí amplia instalações e organiza manual de boas práticas

“Queremos oferecer um turismo organizado de dentro para fora”. A frase de Alexandra Borba Suruí, coordenadora de campo “Paiter Eweytxa We Same: Etnoturismo, Fortalecendo a Governança Territorial Terra Indígena Sete de Setembro”, reforça o cuidado para manter as tradições e costumes do seu povo, sem deixar de oferecer uma estrutura adequada, segura e sustentável para os turistas. Só neste ano, o projeto de etnoturismo, que abrange três aldeias indígenas localizadas a 50km da cidade de Cacoal e a 480 km da capital Porto Velho, em Rondônia, já recebeu 1.200 visitantes. 

O etnoturismo é o tipo de turismo em que os viajantes conhecem de perto a vida, os costumes e a cultura de um povo, especialmente, os indígenas. E uma importante fonte de renda para as aldeias.

“Com o nosso modelo de etnoturismo, apresentamos nossa vivência e costumes e conseguimos promover respeito sobre a nossa história e cultura. E, ainda realizamos o monitoramento do nosso território”, destaca o coordenador do projeto, Luiz Weymilawa Suruí. 

A iniciativa terá, a partir do próximo mês, uma área de camping e redes. Com investimentos do Programa COPAÍBAS, além da melhoria nas acomodações que também contará com a construção de alojamentos, banheiros e cozinha, os indígenas também apostaram na capacitação da equipe para organizar um circuito que percorre a cultura e os costumes dos Paiter Suruí. 

“Em dois anos de projeto, buscamos nos fortalecer para gerar renda com o etnoturismo e inibir as ameaças da exploração ilegal de madeiras e garimpo. Perdemos muita floresta com o desmatamento, mas, hoje, conseguimos receber os visitantes com segurança e respeito aos nossos costumes. Somos uma referência do etnoturismo”, explica a coordenadora de campo. 

Previsto no projeto para implementação até o fim do ano, o circuito turístico  contará com visitação nas três aldeias e os visitantes poderão conferir a  contação de histórias no Museu Paiter A Soe e Associação Gap Ey, visita ao Centro de Plantas Medicinais Olawatawa e ao Centro Cultural Indígena Paiter Wagoh Pakob. Além de trilhas, passeio pela plantação de café orgânico, almoço com produtos das aldeias: milho assado, carne assada, tambaqui ou uma opção vegana, com cará, batata doce assada e beiju. Há ainda oficinas sobre o artesanato local.

Como atividade planejada outra novidade: a equipe do projeto vai elaborar um manual de boas práticas, tanto para os visitantes quanto para os próprios indígenas. Para os turistas, o material trará instruções sobre o uso dos espaços e descarte do lixo produzido, por exemplo. Já para os indígenas, informações sobre como padronizar a precificação de produtos que são vendidos nas três aldeias, como peças de cerâmicas e artesanato. “O turismo tem sido uma importante fonte de renda para nossas aldeias, mas precisamos estabelecer regras para respeitar a qualidade de vida do nosso povo”, avalia a coordenadora de campo.

Para mais informações sobre a experiência e os pacotes turísticos ofertados pelos contatos: associação Paiter Suruí : (69)99900-5420. Museu paiter a soe: (69) 99900-542. Centro Olawatawa: (69) 9231-3034. Wagoh Pakob (69) 8131-2353