Mulheres detêm conhecimento-chave sobre o meio ambiente e desempenham papel central para a conservação. Apesar disso, estão entre as mais impactadas por fenômenos como as mudanças climáticas e ainda enfrentam desafios como a dupla jornada de trabalho, a distribuição desigual da renda familiar e sua limitada participação na tomada de decisão. Para contribuir para a promoção da equidade e da igualdade de gênero em iniciativas apoiadas, o Programa COPAÍBAS realizou um levantamento sobre percepções e perspectivas do trabalho com as mulheres. O trabalho deu origem a uma cartilha sobre a importância de trabalhar com as mulheres, um manual sobre como ações simples podem facilitar a incorporação dessa temática e um livro de cordel. O material deverá ser direcionado a gestores de UCs e parceiros dos projetos.
“O objetivo das formações que acontecerão como passo seguinte é aumentar a consciência dos parceiros sobre o machismo presente na sociedade. Por isso, a necessidade de apresentar e promover ferramentas que permitam aumentar a equidade e a igualdade de gênero no dia a dia das equipes e na relação com as comunidades que vivem no entorno das áreas protegidas”, diz Paula Ceotto, gerente de Projetos do Programa COPAÍBAS.
Estão previstas rodas de diálogo e a abordagem de temas como o papel central das mulheres na conservação, a divisão justa do trabalho doméstico e o enfrentamento à violência.
“A ideia é proporcionar meios de introduzir esses temas permanentemente nas ações, gerando visibilidade e aumentando a participação feminina na tomada de decisões”, diz Laetícia Jalil, professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), da consultoria Saberes – Projetos Socioambientais e Educacionais.
O trabalho ainda sugere a inclusão ativa de jovens em ações de sustentabilidade e biodiversidade.
“O empoderamento das mulheres é um processo contínuo e, apesar de desempenharem papel central para a conservação, a falta de reconhecimento é algo difícil de romper de modo imediato. Elas precisam estar juntas para se reconhecerem, inclusive para se sentirem à vontade para falarem sobre seus problemas, aflições e ações que possam ajudar a reverter um quadro de insatisfação coletiva”, diz ela.
Dados globais relacionados à renda, escolaridade, participação em cargos de liderança e impacto provocado por fenômenos como as mudanças climáticas indicam os desafios enfrentados por mulheres. Relatórios recentes como o relacionado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) publicado este ano pela ONU Mulheres indica que, caso o ritmo atual de mudanças climáticos permaneça o mesmo, até 2030, mais de 230 milhões de mulheres passarão a conviver com a insegurança alimentar no planeta. O documento indica ainda que, no ritmo atual de inclusão feminina, as próximas gerações de mulheres ainda realizarão, em média 2.3 horas a mais de trabalho doméstico não remunerado que homens.