“É
grande, é grande”, exclama, admirado, o indígena Moriudem Arara, vice-liderança
da aldeia Laranjal, do povo Arara, após pilotar pela primeira vez um drone do
projeto de proteção e vigilância e perceber a dimensão do seu território graças
às imagens aéreas. Sua experiência no monitoramento do território do seu povo
ao longo de sete meses, por meio do projeto “Ugorogmo: proteção e vigilância
territorial na Terra Indígena Arara”, agora é compartilhada com a Associação
Indígena do Povo Karipuna (AIKA) que inicia a compra de equipamentos para
adoção em Terras Indígenas Uaçá e Juminã, no Oiapoque, no estado do Amapá.
“Receber
um drone para ajudar no monitoramento de nossa terra é um sonho. E esse
encontro é uma boa oportunidade para aprender a partir das experiências dos
nossos parentes Arara. O drone vai garantir a segurança da nossa casa e da
nossa família, que vem enfrentando invasões para a retirada de madeiras e com a
pesca predatória. Precisamos entender sobre regulamentos, manutenção e cuidados
no manuseio. Não sabia que tinha tantas regras de segurança. E, por ser um
equipamento caro, temos que saber qual o modelo atende melhor nossa necessidade”,
diz a comunicadora da Aika, Luene Anika. O encontro para troca de experiências,
realizado de modo remoto, foi promovido pela assessoria Remar Comunidades,
viabilizado pelo Programa COPAÍBAS, que apoia ambos os projetos.
O
uso de drones permitiu aos povos indígenas monitorem suas próprias terras de
forma mais eficiente e precisa. E tem sido uma ótima ferramenta para
identificar atividades ilegais, como desmatamento e invasões. Além disso, o
equipamento permite realizar o reconhecimento do território. Mas os desafios
para capacitar os indígenas, bem como garantir a durabilidade dos equipamentos,
são grandes, como as restrições de altura e distância que limitam o voo e a longitude
do operador, os riscos de colisão e responsabilidade civil em caso de acidentes.
“Há grandes responsabilidades nesse uso. Durante o treinamento dos pilotos, aprendemos
que o drone pode derrubar um avião teco-teco, comum na nossa região”, explica o
indigenista, Emerson Maciel, da Unyleya Educacional, que fornece apoio técnico
aos projetos da associação Ugorogmo.
Para
Joyce Barbosa, que gerencia o componente indígena do Programa COPAÍBAS, a troca
de experiências oferece mais autonomia nas escolhas da associação e aproxima
saberes entre participantes de projetos similares. “Dessa forma, a própria comunidade
define o que é prioritário para o seu território, contando com a valiosa ajuda
daqueles que já realizam esse tipo de monitoramento. O encontro também
possibilitou o entendimento sobre os desafios e os aspectos positivos na adoção
destas ferramentas”, afirma.
O eixo indígena do Programa COPAÍBAS também subsidia o aprimoramento material e técnico de organizações indígenas. Alinhado à Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas (PNGATI), tais ações incentivam o protagonismo, a autonomia e a autodeterminação dos povos em processos relacionados ao controle territorial, proteção ambiental e uso sustentável dos recursos naturais.