Aliadas da tecnologia, Guerreiras da Floresta participam de intercâmbio na aldeia Muruari

Na semana em que acontece a 3ª Marcha das Mulheres Indígenas, a força feminina ancestral está dominando Brasília, mas se mostra presente desde sempre! Recebidas num ritual de iniciação, mulheres da organização Guerreiras da Floresta, do povo indígena Guajajara, da aldeia Maçaranduba, do Maranhão, promoveram sororidade e tiveram trocas de experiências com outras da aldeia Muruari, do povo Kumaruara.

A viagem até o Baixo Tapajós, que ocorreu em julho, foi um intercâmbio cultural e de troca de experiência sobre a vigilância do território. Na expedição, o grupo de dez indígenas participou de rodas de conversas, ajudou na plantação de café e fez trilhas por locais sagrados da aldeia.

Aliadas da tecnologia, as Guerreiras da Floresta realizam, desde 2014, um trabalho de monitoramento, proteção e conservação da floresta e de todas as formas de vidas e ancestralidade no norte do Maranhão. O grupo, atualmente composto por 40 mulheres, atua na vigilância do território com drones, equipamentos de GPS e câmeras. Elas são apoiadas pelo Programa COPAÍBAS, num projeto que tem o objetivo de fortalecer e ampliar a contribuição das guerreiras na Gestão Territorial e Ambiental na Terra Indígena Caru.

A viagem de intercâmbio aconteceu no âmbito do projeto “Guerreiras da Floresta fortalecendo a cultura Tenetehar, promovendo a gestão territorial e ambiental na TI Caru”. Segundo Poliana Moreira Guajajara, comunicadora e integrante do grupo Guerreiras da Floresta, o intercâmbio foi uma grande oportunidade de aprendizado. E mostrou que há muita semelhança entre a luta das mulheres indígenas dos dois povos.

“Na visita ao território das parentes Kumaruara, pudemos perceber que elas lutam pelas mesmas causas que a gente: defender e proteger o território delas. Lá, elas estão num momento de retomada. Aproximadamente 20 famílias residem na aldeia e as mulheres é que estão à frente de todos os trabalhos”, contou Poliana Guajajara.

O grupo das guerreiras foi recebido com festa. E participou das atividades e rituais da aldeia. Elas também conversaram sobre os desafios enfrentados na proteção dos territórios. “A gente pôde conhecer um pouco da cultura e dos rituais. Quando chegamos, fizemos um ritual de iniciação junto com eles e foi muito bonito. Eles preservam bastante a cultura e a questão da espiritualidade é muito forte”, disse.

No dia a dia, os grupos trabalharam lado a lado. “Foram muitas atividades: participamos de rodas de conversas, conhecemos e ajudamos na plantação de café, fizemos uma trilha pelos locais sagrados da aldeia e dialogamos sobre nossa atuação na proteção territorial”, explicou a comunicadora.

Poliana e as outras nove guerreiras que fizeram a viagem ficaram satisfeitas com o resultado do encontro, que serviu para fortalecer os laços entre os dois grupos.

“Elas veem as Guerreiras da Floresta como um reflexo de mulheres que lutam para defender sua terra. Somos uma organização de mulheres e elas se espelham nisso, então acho que nossa ida fortaleceu o movimento delas. A gente deixou muito aprendizado e trouxe muito dele também”, concluiu.

 

O apoio do COPAÍBAS

O Programa COPAÍBAS apoia a Associação Indígena Comunitária Wirazu dos Índios Guajajara das Aldeias Maçaranduba, Santa Rita, Canaã, Nova Vida e Caru II por meio do projeto “Guerreiras da Floresta fortalecendo a cultura Tenetehar, promovendo a gestão territorial e ambiental na TI Caru”.

O projeto tem o objetivo de fortalecer e ampliar a contribuição das Guerreiras da Floresta no monitoramento, proteção e conservação da floresta e de todas as formas de vida e ancestralidades, por meio de Gestão Territorial e Ambiental na Terra Indígena Caru. Para atingir esse objetivo, ele pretende aumentar as opções das Guerreiras da Floresta no monitoramento territorial em pontos estratégicos desta TI; fomentar o diálogo entre diferentes povos sobre o papel das mulheres indígenas na gestão e preservação ambiental, além da valorização da identidade cultural; e fortalecer a atuação das Guerreiras da Floresta nas lideranças de projetos, como mecanismo de transformação social e de governança. Dentre as atividades previstas, serão realizados expedições, seminários, um intercâmbio com indígenas da região do Alto Solimões (AM), oficinas e capacitação para uso de sites e mídias sociais.

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