Conhecer para conservar. Com apoio do Programa COPAÍBAS, a Cooperativa de Trabalho Casa do Cerrado lançou, no dia 19 de maio, o projeto Agroindústrias do Cerrado, que vai dar apoio técnico a povos e comunidades tradicionais para a criação de dez empreendimentos de base comunitária no Território Rural Médio Araguaia, em Goiás. O objetivo é fortalecer uma economia que convive em harmonia com o Cerrado, valorizando produtos da sociobiodiversidade brasileira (conjunto de bens e serviços criados pela relação entre a diversidade biológica e as atividades sustentáveis).
O projeto vai atender agroindústrias (entre redes, associações e cooperativas ) em cidades consideradas de alta ou muito alta vulnerabilidade ambiental e, por isso, avaliadas como áreas prioritárias para conservação da biodiversidade (municípios de Baliza, Bom Jardim de Goiás, Caiapônia, Iporá e Palestina de Goiás). Por atuarem principalmente com extrativismo, estas agroindústrias dependem e contribuem para a conservação do bioma.
Dois negócios serão apoiados com projeto completo de agroindústria (do desenho arquitetônico para a construção de suas sedes, passando pela formalização das organizações, registro do estabelecimento e do produto, até a comunicação visual do negócio) e terão assessoria presencial: uma usina de cocos, castanhas e óleos vegetais do Cerrado e outra de processamento de polpa de frutas. As demais serão apoiadas à distância.
As agroindústrias trabalham com produtos das cadeias produtivas de sociobiodiversidade, com participação e gestão de povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares. As fábricas de óleo de pequi ou de doces de baru são exemplos deste tipo de empreendimento.
A Casa do Cerrado fará o diagnóstico das empresas escolhidas, com objetivo de mapear as características e as deficiências de cada uma. E, a partir dos resultados, desenvolver projetos que atendam às necessidades das mesmas. Para isso, a instituição conta com uma equipe multidisciplinar, com formação e experiência de trabalho em ciências sociais, serviço social, desenvolvimento rural, engenharias, arquitetura, agronomia, biologia, nutrição, cooperativismo, entre outras especialidades. São doze profissionais vinculados à cooperativa, com o apoio de consultores externos e a orientação acadêmica de docentes da Universidade Federal de Goiás (UFG) e do Instituto Federal de Goiás (IFG). Todos os profissionais estarão à disposição das agroindústrias selecionadas.
“Percebemos que, além de produzir, é preciso se preocupar em oficializar o negócio, pensar num projeto para vendas e na comunicação, por exemplo. Muitos dos grupos nem estão organizados formalmente ainda e sequer têm espaço físico onde trabalhar. Nossa ideia é oferecer uma rede de apoio, para que eles se concentrem só na produção e os especialistas planejem o restante”, explica Agnes Santos, pesquisadora social e comunicadora da Casa do Cerrado.
Esta metodologia de trabalho, que está sendo criada e testada pela cooperativa, será reunida num podcast, a ser lançado quando todo o processo estiver finalizado, em 2024. “Esperamos que esse apoio fortaleça os empreendimentos comunitários e contribua para o desenvolvimento de uma bioeconomia que valorize a sociobiodiversidade brasileira”, avalia Gustavo Cobelo, assistente de projeto do COPAÍBAS.