Igualdade e equidade de gênero são temas do primeiro encontro de cerca de 50 gestores, gestoras e pontos focais das UCs parceiras do COPAÍBAS

“Com certeza, todos saíram modificados após essa imersão. Eu mesma aprendi muito!”. O depoimento de Grazielly Costa, gestora do Parque Estadual de Serra Nova e Talhado (MG), dá a dimensão do nível de envolvimento e interesse dos participantes do 1º Encontro de Gestores, Gestoras e Pontos Focais das Unidades de Conservação (UCs) parceiras do Programa COPAÍBAS, que teve a igualdade de gênero como tema de destaque.

O evento, realizado em Montes Claros (MG), entre os dias 8 e 12 de abril, reuniu representantes das 21 UCs dos estados de Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Maranhão parceiras do Programa. Durante as atividades propostas nas oficinas, os participantes trocaram ideias e experiências sobre a participação das mulheres na conservação ambiental, e propuseram soluções para promover conscientização sobre a necessidade de igualdade e equidade nas UCs e comunidades no entorno delas.

Esse trabalho faz parte do esforço que o COPAÍBAS tem realizado para aumentar a presença feminina nos processos decisórios. Nas unidades parceiras do Programa, 21% dos profissionais que estão à frente da gestão das UCs são mulheres.

Para Grazielly, a discussão sobre gênero é imprescindível não apenas nas Unidades de Conservação, mas em toda a sociedade: “Sou a única mulher de uma equipe de 23 pessoas. No início, tive dificuldade para gerir os homens desse grupo. As oficinas oferecidas abriram a possibilidade para que todos pudéssemos trocar experiência e entender que esse não é um problema existente apenas nas cidades pequenas, onde está inserida a UC que administro, mas que se trata de algo universal. Tivemos homens e mulheres discutindo um assunto que afeta todos os segmentos do país. É importante termos esse espaço”, comentou. Do total de participantes presentes no evento, 57% eram homens e 43%, mulheres.

Ao longo da capacitação, os grupos formados pelos gestores elaboraram medidas que poderão ser aplicadas administrativamente pelas UCs. Entre elas, estão a sugestão de inclusão de normas que garantam uma participação igualitária de gênero nos editais de criação dos Conselhos Gestores das Unidades, a identificação e o fortalecimento de lideranças femininas nas comunidades vizinhas a elas, a disponibilização de espaços adequados para a participação das mulheres na gestão dos parques e a criação de fóruns específicos para que as mulheres participem dos debates sobre seus territórios.

Nas oficinas, foram usados materiais sobre equidade de gênero elaborados com apoio do COPAÍBAS, como episódios de um podcast que investiga a realidade de mulheres em comunidades do entorno de algumas das UCs parceiras do Programa e o cordel “A Peleja de Maria da Conquista na Conservação da Natureza”, de Caio Meneses, que traz versos como “Maria tem a mistura / Dos povos desse país / A biodiversidade / Está na sua raiz”.

O podcast e o cordel são materiais que irão auxiliar na disseminação do conteúdo sobre gênero, tornando-o mais acessível e próximo das realidades dos territórios onde as unidades de conservação estão localizadas. Dos gestores presentes nas oficinas, que tiveram acesso a esse material, 75% foram homens e 25% mulheres.

Segundo Jarbas Jorge de Alcântara, gestor do Parque Estadual da Serra do Cabral (MG) presente no evento, esta política do Programa contribuiu para que a igualdade de gênero permeasse a construção do Plano de Uso Público (PUP) da Unidade. “Isso naturalizou a temática no nosso dia a dia, permitindo um ambiente de maior abertura para as mulheres nos processos decisórios”, contou ele, que participou ativamente das atividades propostas no encontro.

Laeticia Jalil, consultora da Saberes, acredita que as dinâmicas oferecidas durante o evento comprovam o alto grau de interesse dos gestores envolvidos. “Fizemos entrevistas com todos e todas e, a partir daí, criamos a programação dentro da realidade que identificamos. Queremos estimular uma maior participação das mulheres nos conselhos gestores, democratizando a representatividade comunitária”, explicou.

Para Paula Ceotto, gerente do COPAÍBAS, o encontro foi uma oportunidade única e inédita. Ela explicou que a questão de gênero é intrínseca ao próprio Programa e, por isso, a opção de trazer o assunto como tema principal do evento foi natural. “É um ponto sensível a ser trabalhado em cada aspecto dos projetos parceiros. Após identificarmos e reconhecermos os problemas, queremos avançar, estimulando mudanças”, avaliou.

Que venham outros encontros!

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